Concelho de Mourão
Constituído por três freguesias, Granja, Luz
e Mourão, o concelho de Mourão está distribuído
por uma área de 288 quilómetros quadrados.
É delimitado pelos concelhos de Moura, Reguengos de Monsaraz
e pela fronteira espanhola. A sua sede, do mesmo nome, encontra-se
num pequeno morro, na margem esquerda do rio
Guadiana.
Mourão foi povoada em 1226 por Gonçalo Egas, prior
da Ordem de S. João de Jerusalém. D. Dinis concedeu
à povoação o seu primeiro foral, em 1296. É
do seu reinado, também, que data a construção
de um forte castelo defensivo, com três torres e torre de
menagem posterior, e que procurava sobretudo defender esta parte
do território nacional das possíveis investidas dos
vizinhos castelhanos. Também por isso, Mourão ocupou
sempre lugar de destaque na estratégia militar portuguesa.
Prova da afirmação produzida foi o ataque castelhano
a Mourão em 1641, já depois da restauração
da nossa independência. As tropas de Filipe IV chegaram a
conquistar a praça militar, mas acabaram por cedê-la
poucos dias depois.
Em 24 de Outubro de 1855, o concelho de Mourão acabaria por
ser extinto, e anexado a Reguengos de Monsaraz, mas viria a ser
restaurado em 1861.
Do património edificado do concelho, destaca-se a igreja
matriz da freguesia-sede. Construída em 1681, é do
estilo barroco regional e de uma só nave. Sofreu grandes
prejuízos com o terramoto de 1755, em especial a nível
da abóbada e de espólio. Também o castelo merece
ser referido, apesar de estar actualmente parcialmente arruinado.
Em "Viagem a Portugal", o nosso mais consagrado escritor,
José Saramago, refere-se ao concelho e aos monumentos
acima descritos: "O viajante foi pontualmente ao castelo,
que integra a igreja matriz, mas um e outro estavam fechados. Mas
nem por isso deixou de encontrar belezas: cá estão
as chaminés, circulares e de remates cónicos, que
quase só aqui se encontram, e as mesmas, mas não monótonas,
fachadas caiadas, outra vez mostrando o valor cromático que
o branco adquire no jogo da luz incidente ou rasante, na sombra
dura ou na penumbra macia dum recanto aonde a luz só chega
mil vezes quebrada: tal é possível até mesmo
numa tarde violenta como esta. Paisagens assim, isto é o
que vai pensando o viajante enquanto continua para o sul, para serem
sufocantes, nem precisariam do calor."
Paisagens assim, com efeito, galadas desta forma por uma pena como
esta, tornam-se mesmo sufocantes e irresistíveis. Mourão
aí está, pronta a receber com hospitalidade todos
os que querem ser sufocados por tanta beleza.